Entre o mar aberto e o continente o desenho peculiar entrelaça a Ilha de Santa Catarina, com a era das grandes navegações. Quando os europeus cruzaram o Atlântico em busca de novas rotas tudo era novo e esses homens do mar buscavam na costa brasileira pontos estratégicos. Com isso, os relatos sobre a “Ilha dos Patos”, com suas enseadas abrigadas e posição privilegiada, despontaram para estes navegadores que buscavam os mares austrais.
Registros de expedições portuguesas se perpetuaram por séculos, como a do navegador Sebastião Caboto. Eles mostram a Ilha como “Uma grande enseada, segura para as naus, onde se encontra lenha, água fresca e peixes em quantidade, cercada de altas serras verdes. Confesso que muitas vezes a beira mar fecho os olhos e imagino qual seria a visão destes homens de uma ilha intocada. Em 1504, o navegador francês Binot Paulmier de Gonneville jogou âncora em uma de nossas baias e eternizou esta terra como o maior porto abrigado antes do Rio do Prata. A quantidade de recursos e o encontro com os povos carijós, habitantes originários da ilha, marcaram a visão de Binot.
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A ilha foi colonizada e tornou-se rota de abastecimento com os açorianos consolidando a ocupação no século XVIII. Surgiram as estruturas militares, muitas delas que formavam o sistema de defesa da Ilha e que hoje não existem mais. Contudo, fortalezas como as de Santa Cruz de Anhatomirim, Santo Antônio de Ratones e São José da Ponta Grossa, além dos fortes de Santana e da Ilha de Araçatuba, se tornaram símbolos da importância estratégica que a baía exercia sobre as rotas atlânticas.
Poucas pessoas sabem que Florianópolis, de certa forma, está ligada com a teoria da evolução das espécies. Em 1832 aportou na Ilha de Santa Catarina um jovem naturalista que mudaria para sempre a ciência. Com 23 anos, Charles Darwin, desembarcou no navio HMS Beagle na pequena Nossa Senhora de Desterro. O objetivo eram reparos e abastecimento da embarcação, mas para Darwin foi mais do que uma escala. Ele observou de perto exuberância o local que era um verdadeiro contraste com o que ele conhecida na Europa.
Foi uma breve passagem, mas descreveu nos diários montanhas cobertas de florestas, os manguezais férteis e a tranquilidade das enseadas. “Nada pode ser mais belo que a vista desta ilha”, disse nos relatos, afirmando o fascínio pelo local. O jovem não imaginava que aquelas anotações, que iniciaram naquela ilha no Sul do mundo, seriam fios que iram formar a trama de uma teoria revolucionaria: A Origem das Espécies.
A cada navio que “fundeou” culturas foram misturadas, sabores agregados e aos poucos foi formada a identidade única da Nossa Senhora do Desterro. Ainda hoje podemos ver resquícios desta herança marítima. A “Ilha dos Patos” se transformou na “Ilha da Magia” e continua a encantar pessoas de todo o mundo. É uma história que começou com o som das velas ao vento e passou por um dos mais famosos cientistas da história.
Da “lestada” de ontem ao ciclone de hoje
Foi o tempo em que olhávamos para o céu pela manhã e tentávamos fazer a previsão do tempo. Parecíamos especialistas e bastava olhar as nuvens “rabo de galo”, que indicavam vento, ou aquela formação de “céu pedrento, chuva ou vento”. Os animais…