Entre calçadas antigas e esquinas apressadas, Florianópolis guarda em suas ruas memórias que poucos olhos enxergam. Cada placa, pode representar mais que um nome, mas um pedaço de história sussurrado ao tempo. Quando caminhamos pelas ruas de Florianópolis não percebemos que elas guardam muita história. Elas homenageiam autoridades e personalidades que de alguma forma se destacaram em suas épocas. Uma delas eternizou um motorista de taxi, antigamente chamados de carros de aluguel, que trabalhava na Praça XV na década de 1930. O jovem Clemente Rovere era um motorista habilidoso e um dos mais conhecidos da capital catarinense.
Foi então que, mesmo sem experiência, esse manezinho se aventurou na corrida conhecida como o “Raid Montevidéu-Rio de Janeiro”. Para que ele pudesse correr o então governador Nereu Ramos cedeu um automóvel de propriedade do estado, modelo Hudson Six, fabricado em 1923. O desafio seria de 3,2 mil quilômetros e reuniu, entre 4 e 11 de abril daquele ano, os 45 melhores pilotos do Brasil, Argentina, Uruguai e Chile. Após uma semana Rovere e o navegador Raphael conquistaram a 5ª colocação e foram destaque na imprensa brasileira.
> Siga nosso canal no WhatsApp e receba as notícias do TVBV Online em primeira mão
Mesmo depois da fama o “chauffeur na Praça XV” retornou para as atividades normais. Contudo, o gosto pela velocidade não morreu e eventualmente participava de corridas regionais. Passados alguns anos, já em 1940, ele abraçou um novo desafio, participar do primeiro rally de longa distância do Brasil: o “Raid Rio de Janeiro-Porto Alegre”. A competição teve inicio no dia 14 de abril e contou com três paradas, São Paulo Curitiba e Florianópolis.
A bordo de um Ford V8 ele percorreu os 2.076 quilômetros, em uma época onde as estradas eram precárias, e sagrou-se campeão. Além disso, Rovere ganhou o prêmio “Estado de Santa Catarina”, após atravessar o território catarinense no menor tempo. Não existem registros se Clemente participou de outras competições, mas a sua coragem transformou a velocidade em memória e seu nome ficou gravada na história da Ilha de Santa Catarina e eternizado em uma das ruas do Centro da cidade.
Quando Desterro morreu e Florianópolis nasceu sobre cadáveres
O sangue de homens de valor ainda escorria pela antiga Nossa Senhora do Desterro quando ocorreu o maior ultrage a memória do povo da Ilha de Santa Catarina. Foi no dia 1º de outubro de 1894 que a cidade perdeu o nome que carregava mistério, devoção e o peso da vida de…