Estratégia repete a fórmula de 2022 ao unir conservadores, empresariado e bases regionais, mas acende disputa interna no MDB por espaço e protagonismo no governo. Na foto: Jorginho Mello e Antídio Lunelli / Crédito: Bruno Collaço / Agência AL
A confirmação de que o MDB indicará o vice na chapa de reeleição de Jorginho Mello (PL) não é apenas um gesto de aliança é uma jogada estratégica. O governador busca repetir a fórmula que o levou à vitória em 2022: um bloco conservador e de centro ampliado, que una o eleitorado bolsonarista, o empresariado e as bases regionais do MDB, partido com forte presença municipal (prefeituras e câmaras). Por outro lado, a decisão acendeu disputas internas no MDB, que já começa a se movimentar para emplacar nomes de peso, como o deputado federal Carlos Chiodini, o ex-deputado Mauro De Nadal e até prefeitos de cidades estratégicas. A tendência é que o MDB queira mais do que a vice: influência direta na gestão estadual e nas decisões regionais, especialmente com vistas às eleições municipais de 2026 e 2028.
Direita em pé de guerra

O anúncio de Carlos Bolsonaro (PL-RJ) como pré-candidato ao Senado por Santa Catarina foi o estopim de uma crise dentro do próprio campo bolsonarista. A candidatura dele é vista por parte da direita catarinense como uma “intervenção de fora”, já que o estado tem lideranças locais consolidadas, como Caroline de Toni, Ana Campagnolo e até Daniel Freitas, que vinham sendo cotadas para a vaga. A situação ficou ainda mais delicada com a troca de farpas públicas entre Carlos Bolsonaro e Campagnolo, algo que expôs as rachaduras internas do PL em SC. Caroline de Toni, por sua vez, tenta manter uma postura institucional, mas já sinaliza que pode mudar de legenda (o Novo seria uma opção) se o PL fechar questão em torno de Carlos. Essa disputa é simbólica: revela a tensão entre o bolsonarismo “de origem” (família Bolsonaro) e o bolsonarismo catarinense, que quer mais autonomia.
Ano de definições
Ainda que as eleições estejam distantes, 2025 será um ano de definições. O governo precisa mostrar entregas e resultados concretos, sobretudo em infraestrutura, segurança pública e saúde, áreas cobradas pelos prefeitos e pela Alesc. Esses bastidores revelam que Santa Catarina já entrou no ritmo eleitoral, com cada movimento calculado para moldar o cenário de 2026. Enquanto isso, o governo Jorginho Mello trabalha em um calendário intenso de agendas regionais, audiências e inaugurações.
Por outro lado
O prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), construiu uma base sólida e uma imagem de gestor eficiente, o que lhe garante prestígio no Oeste catarinense. No entanto, transformar essa força regional em um projeto de alcance estadual é um desafio bem mais complexo. A política de Santa Catarina é marcada por particularidades regionais, exigindo não apenas popularidade, mas também capilaridade política, alianças com prefeitos, vereadores e lideranças em todas as regiões. O que funciona em Chapecó não necessariamente repercute no Litoral ou no Vale do Itajaí, e isso exige estratégia e articulação cuidadosa.
Apoio da base
Embora o PSD apoie sua pré-candidatura ao governo do Estado, o partido sozinho não sustenta uma vitória. João Rodrigues precisará ampliar alianças e conquistar eleitores além de sua base tradicional para enfrentar Jorginho Mello (PL), que conta com estrutura e apoio consolidado. A disputa dentro do campo da direita e centro-direita também representa um obstáculo, já que a fragmentação desse eleitorado pode enfraquecer alternativas ao governo. O desafio, portanto, é provar que o carisma e a competência que o projetaram em Chapecó podem se traduzir em liderança estadual.




