São mãos habilidosas que entrelaçam os fios, entre alfinetes, em uma almofada charmosa e florida. A trama se molda com um som mágico de pequenas peças de madeira batendo uma contra a outra, os bilros. São mãos calejadas, não pela força, mas pelo tempo e pela experiência que criam verdadeiras obras de arte, a renda de bilro.
As artesãs que perpetuam esta arte denominam a charmosa avenida à beira da Lagoa da Conceição e são tema para poesias e músicas. São as nossas rendeiras, figuras perpétuas de nossa cultura. Nesta semana tive o prazer de conhecer duas destas mulheres que mostram essa arte na Fenaostra.
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Rendeiras de mãos serenas, olhar carinhoso, que tecem histórias com a linha da memória e encantam com a doçura do sotaque, uma verdadeira música de nossa terra. A imagem destas artesãs mexeu com a memória da infância e me fez lembrar de minha avó, Dona Cotinha, tecendo suas rendas.
Que conversa gostosa tive com essas mulheres! Dona Olívia faz questão de destacar que a renda de bilro é a melhor tradição deixada pelos açorianos na Ilha. “Além de ser passada de geração em geração, é maravilhoso fazer isso, é viciante”, contou a rendeira. Já Dona Dulce, com sua voz calma, relatou que o “barulhinho dos bilros” é uma terapia. “A gente não fica estressada fazendo renda. Amo fazer minhas rendinhas e a histórias das rendeiras são parecidas. Uma aprende com a vó, outra com a mãe”, afirmou.
Durante o bate papo revelaram que o maior desejo é passar essa cultura para os mais jovens, mas também confessaram que está difícil devido a falta de interesse das pessoas. Ambas as idosas são professoras de renda em oficinas no Casarão da Lagoa. Elas ensinam a fazer desde o molde, o desenho da renda, até as tramas desta arte trazida no século XVIII para a então Nossa Senhora do Desterro.
Mais informações sobre as aulas de renda de bilro estão disponíveis no Centro Cultural Bento Silvério. A estrutura fica localizada na Rua Henrique Veras do Nascimento, 50, na Lagoa da Conceição.
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