Nesta semana, mergulhei na história e nas belezas encantadas da Ilha do Campeche, um santuário de águas translúcidas e areias brancas que guarda memórias ancestrais e mistérios esculpidos em pedra. Mas nem todo paraíso resiste incólume à ação humana. Como já mencionei no primeiro texto, a maior ameaça que paira sobre a ilha não vem dos ventos, mas do turismo irregular e descontrolado, agravado pela ausência constante de fiscalização.
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As associações que zelam por esse pedaço de paraíso, os verdadeiros guardiões da ilha, não têm poder de polícia. Assim, quando os órgãos responsáveis se ausentam, as areias imaculadas transformam-se em território sem lei.
Durante vários dias, acompanhei de perto o descuido oficial e a chegada silenciosa, mas barulhenta, das embarcações clandestinas trazendo consigo turistas de todos os cantos. Quando os barcos “piratas” tocam o solo sagrado, um verdadeiro mar de gente desembarca, muitas vezes sem qualquer orientação ou respeito pela fragilidade do lugar.
Nos dias em que os guias estão presentes, tentam-se conter os estragos com contagem, instruções e orientações: não trilhar os caminhos sem acompanhamento, não pisar nos costões, utilizar os banheiros das embarcações, já que a ilha não dispõe de estrutura sanitária. Mas nem todos ouvem. Muitos viram as costas para o cuidado e deixam, em plena mata que deveria ser preservada, “rastros” que não pertencem à natureza.
Além do fluxo desordenado, há o comércio irregular, bebidas, caiaques, pedalinhos, que floresce onde deveria haver silêncio e contemplação. As embarcações que não integram o TAC (Termo de Ajuste de Conduta), documento assinado por entidades ligadas à preservação da ilha, não pagam a taxa de visitação nem contribuem para a manutenção do acolhimento.
Segundo um guia que preferiu o anonimato, só neste mês, mais de 3 mil visitantes chegaram à ilha, sendo que mais de 80% vieram por meios irregulares. O sistema de controle de acesso, antes mantido pela Prefeitura de Florianópolis, já perdeu a validade. A portaria que regulamentava a entrada expirou, e não há substituta à vista.
Procurei o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), em busca de respostas, mas fui encaminhado à sede nacional, em Brasília. Até agora, o silêncio. Também contatei a Guarda Municipal, que afirmou enviar agentes à ilha ao menos duas vezes por semana para reprimir irregularidades. No entanto, ao longo dos dias que acompanhei in loco, mesmo com tempo firme, nenhum agente apareceu. Nesta sexta-feira (25), por exemplo, mais de 20 turistas chegaram com uma embarcação clandestina, mais uma vez, sem guias, sem regras, sem amparo.
É fundamental lembrar que preservar a Ilha do Campeche é um compromisso coletivo. E a forma mais efetiva de contribuir é escolher o caminho certo. Ou seja, utilizar os serviços das associações regulares, que respeitam os limites, cuidam do espaço e têm amor pelo território.
São elas:
- ACOMPECHE (Associação Couto de Magalhães de Preservação da Ilha do Campeche),
- APAAPS (Associação dos Pescadores Artesanais da Praia da Armação),
- ABTC (Associação dos Barqueiros de Transporte do Campeche)
- ATBL (Associação das Empresas de Transporte Náutico da Barra da Lagoa).
Ao apoiar essas entidades, você não só navega com segurança — você ajuda a proteger esse patrimônio que é de todos nós. Que o encanto da ilha não se perca no descuido. Que continue sendo um refúgio de beleza, história e respeito.
Polícia desarticula quadrilha especializada no “Golpe do Bilhete Premiado”
Oito suspeitos de extorquir idosos foram presos em Santa Catarina e no Paraná
Oito pessoas suspeitas de integrar uma organização criminosa especializada no chamado “Golpe do Bilhete Premiado” foram presas na manhã desta sexta-feira (25). O perfil principal das vítimas, de acordo com apuração policial, seria de idosos. Os mandados de prisão preventiva foram cumpridos nas cidades de Joinville (SC) e Curitiba (PR). Quatro veículos e nove celulares foram apreendidos e passarão por perícia.