24 de julho de 2025
TVBV ONLINE
Flávio Jr

Fotos: Um relicário esculpido pelo tempo e pelo mar

Foto: Flávio Jr/TVBV Online

Fico a imaginar o que pensavam os grandes navegadores ao sulcar as águas indomadas dos mares austrais. Era um tempo de horizontes incertos, em que o homem do mar guiava-se não por satélites, mas pelos astros, pelas marés e pela coragem. A costa ainda virgem se abria como promessa, e cada enseada parecia o prenúncio de um novo mundo.

Hoje, o litoral mudou. As pedras deram lugar ao concreto, e os caminhos antes acessíveis apenas aos ventos e velas agora se dobram ao conforto humano. Ainda assim, há lugares que resistem ao tempo e à pressa da civilização — pequenas joias que guardam em silêncio a memória do que fomos.

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Ao leste da Ilha de Santa Catarina repousa uma dessas preciosidades: a Ilha do Campeche. Um fragmento de paraíso moldado pelas marés e pelo tempo, com sua areia branca e águas serenas, que hoje se revelam em imagens digitais, mas cuja verdadeira essência poucos conhecem. Chamam-na de “Caribe brasileiro”, mas discordo — o que há ali é único, inimitável.

A ocupação humana na ilha remonta a 4.800 anos antes de Cristo. É ali que repousa a mais rica concentração de inscrições rupestres e oficinas líticas de todo o litoral brasileiro. São mais de dez sítios arqueológicos, nove estações líticas, e, em meio a essa herança ancestral, histórias de pesca baleeira, que chegaram a devastar parte da vegetação original e trouxeram até plantações de mandioca a este solo sagrado.

A virada veio na década de 1940, com a chegada da Associação de Caça e Pesca Couto de Magalhães. Foi o início de uma nova era: a do cuidado. A vegetação lentamente retomou seu esplendor. Ainda que, à época, o entendimento sobre preservação fosse outro — tanto que algumas espécies exóticas chegaram a ser introduzidas — o espírito da conservação já soprava por entre os galhos da restinga.

Com o passar das décadas, a consciência amadureceu. A associação se transformou e renasceu como ACOMPECHE — Associação de Preservação da Ilha do Campeche. Hoje, a ilha é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), mas ainda assim segue ameaçada pela ferocidade de um turismo sem freios.

Posso dizer isso com a serenidade de quem pisa esse solo agora, de quem vê com os próprios olhos a beleza e a fragilidade deste santuário. Nesta semana em que caminho por suas trilhas e me deixo embalar pelo som das ondas, quero dividir não apenas uma impressão, mas um testemunho: a Ilha do Campeche não é apenas um destino — é um chamado à memória, à contemplação e ao respeito.

           

             

Empresas poderão adquirir créditos de cooperativas de reciclagem

Novo decreto tira a obrigação das empresas de reciclar diretamente os resíduos gerados

Um novo decreto assinado pelo governador Jorginho Mello e pelo secretário de Estado do Meio Ambiente e de Economia Verde, Emerson Stein nesta terça-feira (22) traz inovações para o sistema de logística reversa do estado. O objetivo é facilitar o processo de reciclagem de resíduos gerados e ainda aumentar a renda de cooperativas de reciclagem através da aquisição de créditos por parte das empresas produtoras.

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