7 de novembro de 2025
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Paulo Chagas

Quando a defesa política ultrapassa o limite do respeito

A deputada estadual Ana Campagnolo fui duramente criticada pelo colega partidário, o senador Jorge Seif, em local aberto, em plena tribuna do Senado, e sem medir as consequências das próprias palavras / Foto: Lucas Gabriel Diniz / Agência AL

A recente manifestação do senador Jorge Seif (PL/SC), em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e da candidatura de Carlos Bolsonaro ao Senado por Santa Catarina, ultrapassou os limites do debate político e adentrou um terreno perigoso: o do desrespeito. Ao tentar desqualificar a deputada estadual Ana Campagnolo, integrante do mesmo partido, Seif acabou ofendendo não apenas uma colega de legenda, mas toda uma categoria que sustenta as bases da sociedade: os professores.

Ao afirmar que Campagnolo “antes de ser deputada, não era nada, apenas uma professora”, o senador expôs uma visão distorcida e arrogante sobre o valor do magistério. Nenhum cargo eletivo, título ou posição hierárquica se sobrepõe à importância do professor, o profissional que ensina, forma, inspira e conduz o conhecimento. Se há algo que move o progresso de um país, é a educação.

A reação imediata da classe docente foi mais do que justa. Afinal, todos, inclusive o próprio senador, são frutos da dedicação de mestres que um dia estiveram à frente de uma sala de aula. A declaração de Seif não diminui o professor, mas revela o quanto ainda precisamos evoluir em respeito e reconhecimento a quem constrói os alicerces da cidadania.

Inclusão forçada

Mas o episódio também escancara um outro ponto sensível: a forçada inclusão de Carlos Bolsonaro na disputa pelo Senado catarinense, uma decisão que soa como imposição externa e desconsidera o protagonismo de lideranças locais. Santa Catarina possui nomes expressivos, com trajetória consolidada, que conhecem de perto a realidade do Estado e têm representatividade genuína junto à população. Forçar a candidatura de um vereador do Rio de Janeiro para representar os catarinenses é, no mínimo, um gesto de desconfiança política e desrespeito à autonomia regional.

O eleitorado catarinense, historicamente maduro e criterioso, não costuma aceitar interferências dessa natureza. A defesa cega de decisões impostas de fora enfraquece o partido, divide seus quadros e distancia a política do sentimento real das ruas. O Senado precisa de vozes comprometidas com as demandas de Santa Catarina, não de arranjos familiares ou de conveniências de ocasião.

@paulochagasvargas