20 de outubro de 2025
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Santa Catarina caminha para matriz energética quase 100% renovável

Aerogerador em operação | Foto: Celesc
Estado é pioneiro em energia solar e segue investindo em recursos eólicos, hídricos e orgânicos

O Brasil vem avançando de forma constante na adesão a fontes limpas de energia. De acordo com o Balanço Energético Nacional (BEN) 2024, 49% da matriz energética brasileira é composta por fontes renováveis. Esse índice é três vezes superior à média mundial, de 16%. Quando se trata apenas da geração de energia elétrica, o país é referência global, com mais de 90% proveniente de fontes renováveis.

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Neste contexto, Santa Catarina se destaca pela diversidade e integração das suas matrizes, combinando potencial hídrico, eólico, solar e de biomassa. Segundo o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e pesquisador na área de energia solar, Ricardo Rüther, o Estado tem condições naturais e tecnológicas para alcançar uma matriz 100% renovável. “O Estado está se projetando como pioneiro e inovador, investindo em fontes solar, eólica, biomassa… Tem uma uma vocação bastante intensa para o uso de fontes renováveis de energia”, relata o professor.

O Estado foi o pioneiro na geração solar no Brasil, com a UFSC instalando o primeiro gerador fotovoltaico do país em 1997, que funciona até hoje. Empresas catarinenses são parceiras nessa inovação, como no caso da Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc), que auxiliou na instalação deste primeiro painel gerador. 

Segundo Pablo Cupani Carena, assistente técnico da presidência da Celesc, o Estado tem uma vocação natural para o aproveitamento hídrico, já que dispõe de rios e relevo favoráveis. Ele ressalta que Santa Catarina se destaca pela estrutura instalada e pela tradição na geração de energia hidrelétrica, que combinada com outras fontes gera uma matriz rentável e sustentável.

Entre as principais políticas em andamento está o “Energia Boa”, iniciativa do Governo de Santa Catarina lançada em 2024 com investimento de mais de R$ 570 milhões. O programa prevê a construção de seis novas subestações em regiões de baixo IDH, principalmente no Planalto Serrano, para facilitar a conexão de novas usinas à rede elétrica e estimular o desenvolvimento regional. A previsão do governo é de que a ação gere 19 mil empregos, diretos e indiretos, beneficiando também a economia e o desenvolvimento social.

O projeto contempla todas as fontes renováveis utilizadas no Estado: hídrica, solar, eólica e biomassa. O pesquisador Rüther afirma: “uma matriz diversificada é o segredo. É a resposta para o avanço do fornecimento de energia”. 

Diversidade energética no Estado

“Há uma vocação natural para energia hídrica em Santa Catarina. É o estado brasileiro com a maior quantidade de pequenas usinas hidráulicas em operação”, afirma o técnico da Celesc. Hoje há 253 usinas atuando distribuídas pelo Estado. A maior produção de energia catarinense renovável vem da água, a partir dessas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e das grandes usinas, como Machadinho e Itá.

A Celesc tem como prioridade a ampliação do parque gerador hídrico, com a ampliação das usinas Caveiras (Lages) e Salto Weissbach (Blumenau), visando aumentar ainda mais o investimento nesta categoria energética.

Usina Maruim, PCH na região da Grande Florianópolis. Foto: Celesc

Todas as regiões do Estado têm potencial de geração de energia solar, desde pequenas placas em residências até grandes fazendas solares, de acordo com Rüther. As principais usinas fotovoltaicas atualmente ficam ao Oeste, em cidades como Campos Novos e São José do Cedro. Atualmente, há cerca de 1.400 MW de capacidade instalada.

Já em relação aos aerogeradores, existem 18 parques eólicos em operação, com 250 MW de capacidade instalada, como os de Água Doce, Bom Jardim da Serra e Tubarão. As empresas optam pela instalação em lugares com grande incidência de ventos de forma mais constante durante o ano.

Estado lidera em leilão nacional

Os investimentos do Estado em energias renováveis ganharam novo fôlego neste ano após o leilão federal de compra de energia, promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em agosto. A Aneel organiza leilões de geração, transmissão e distribuição periodicamente, visando contratação de suprimentos energéticos para abastecer outras regiões brasileiras.

Santa Catarina foi o Estado com maior número de projetos vencedores no país, com 27 empreendimentos aprovados, mais que o dobro do segundo colocado, o Paraná. Entre os projetos habilitados, 22 estão cadastrados no Energia Boa.

De acordo com a Aneel, esse leilão movimentou ao total  R$ 26 bilhões na aquisição de 67,4 mil GWh de energia. O início de fornecimento está previsto para 2030. Embora parte dos projetos catarinenses ainda esteja em fase de construção, os contratos de venda firmados asseguram a viabilidade de crescimento dos investimentos no mercado de energia em Santa Catarina.

Uso de energias não-renováveis

Uma das usinas de energia mais conhecidas no Brasil é a catarinense Jorge Lacerda, o maior complexo termoelétrico a carvão da América do Sul, localizada no município de Capivari de Baixo. Para o pesquisador da UFSC, “essa termoelétrica está em um estágio em que ela só opera porque ainda existe. Nos dias de hoje, você não construiria mais uma assim. Mas, a despeito disso, ela continua tendo a sua importância, porque produz energia firme, dia e noite”.

A intermitência das fontes limpas, como solar, que rende apenas algumas horas do dia, e eólica, que depende de fatores climáticos para funcionar, ainda é uma das principais queixas na transformação para a matriz energética 100% renovável. Ricardo Rüther ainda explica que fontes não-renováveis, como a de carvão mineral, ainda existem e seguem atuando para garantir uma maior segurança energética no Estado. “Mas a expansão do mercado de energia não é através dessas fontes, é através dessas outras mais renováveis”.

Para o assistente técnico da Celesc, o futuro é um maior investimento nessas formas alternativas de geração, sejam por questões ambientais ou por econômicas. “As fontes térmicas, além de poluentes por usarem combustível fóssil, são energias caras. Então, na prática, a transição energética é boa para o bolso do consumidor também”, destaca Pablo.

           

             

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