31 de julho de 2025
TVBV ONLINE
Paulo Chagas

Viagem a Washington: aparição política, improviso e omissão do Planalto

Comitiva de senadores deu início à série de encontros em Washington para tratar do tarifaço de Trump / Foto: Samyra Galvão/Gab. Senador Nelsinho Trad

A ida dos senadores brasileiros a Washington para tentar reverter as tarifas de 50% impostas pelos EUA ao aço, alumínio e outros produtos nacionais soa mais como espetáculo político do que como uma estratégia diplomática séria. A imprensa nacional e internacional tem criticado: a comitiva chegou tarde, mal articulada e com pouco peso político para mudar qualquer decisão da Casa Branca.

As tarifas já estão em vigor, e não há sinal de que o governo americano esteja disposto a abrir exceções. Enquanto isso, nossos parlamentares se esforçam para garantir encontros protocolares, fotos e agendas de última hora que dificilmente terão efeito prático. O Brasil, mais uma vez, parece ter perdido o timing.

Parte dessa responsabilidade recai sobre o próprio presidente Lula. Em vez de liderar uma ofensiva diplomática consistente, preferiu gastar energia atacando Donald Trump em discursos, reforçando um clima de confronto desnecessário. Enquanto o governo norte-americano atua com pragmatismo em defesa de seus interesses, o Planalto age como se a retórica resolvesse problemas comerciais.

Mais grave ainda é que essa crise parece não preocupar o Governo Federal. Em vez de buscar um diálogo real com Washington, Lula acena com a possibilidade de “ajustar” o alinhamento das exportações brasileiras com outros mercados, especialmente a China, movimento que pode ampliar o distanciamento com os EUA e gerar novos atritos comerciais.

Enquanto isso, senadores até tem tido algumas reuniões em Washington, porém, setores produtivos brasileiros já sentem o impacto do chamado “Tarifaço”, com risco real de queda nas exportações, fechamento de fábricas e perda de empregos. O que está em jogo é a credibilidade do Brasil no comércio internacional, e ela está sendo corroída pela falta de planejamento e liderança do governo federal. Seja como for, os senadores, pelo menos estão tentando fazer alguma coisa para evitar a crise.