1 de agosto de 2025
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Flávio Jr

Os contos e encantos das bruxas de Franklin Cascaes

Imagem: Flávio Jr.

Durante o dia, elas eram quase invisíveis, caminhavam entre as pessoas da antiga Nossa Senhora do Desterro, circulavam pelo Mercado Público, passavam sob a sombra da Catedral, com os olhos baixos e com os passos leves. Mas, bastava o Sol se recolher atrás dos montes, que elas também mudavam de pele. A noite, então, pertencia a elas. Eram as bruxas da Ilha. Dominavam feitiços que espalhavam doenças misteriosas, selavam amores proibidos, semeavam o azar ou confundiam os rumos dos pescadores no mar. Cantavam, dançavam e encantavam.

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Franklin Cascaes (1908-1983) as ouviu e, com o ouvido do povo e a alma do artista, registrou tudo. Em seus desenhos, textos e esculturas, imortalizou os ajuntamentos encantados, que aconteciam entre montes e mangues, pedras e luas. Numa dessas histórias, que sopram até hoje entre as rendeiras e pescadores, um menino ousou espiar o que não devia: viu mulheres conhecidas da vila dançando nuas ao redor de um fogo encantado. Mas foi visto. E castigado. Ficou mudo por anos. Os antigos também contavam sobre a bruxa do mangue, que virava ave para espiar as casas da ilha. Mas bastava um sinal da cruz ou um crucifixo à vista, e ela caía do céu como pedra.

Cascaes não duvidava e dizia sempre que o povo não mentia: apenas contava o que via, o que sentia. Era um cronista da Ilha, com devoção por cada lenda, cada palavra passada de pai para filho, de avó para neta. Entre tantas histórias, há uma que ecoa nas pedras da praia de Itaguaçú, na orla de Coqueiros. Diziam que ali, certa vez, houve uma grande festa das bruxas com os elementares, seres mágicos do vento, da terra e do mar. Mas esqueceram de convidar o diabo. Diziam que ele cheirava a enxofre. Descoberto e enraivecido, o senhor das trevas amaldiçoou a celebração e transformou todos em pedra. E hoje, as rochas que desenham o mar de Itaguaçú seriam os corpos encantados dessa noite sem fim.

Mas há mais. Cascaes ouviu que, entre essas pedras, existe um salão encantado. Um verdadeiro portal invisível que só se abre nas madrugadas de lua cheia. Só os de olhos abençoados ou os tocados pelo feitiço conseguem ver. Durante o dia, parecem apenas pedras. À noite, as fendas se abrem, revelando um mundo que só a magia da Ilha conhece.

           

             

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