Resultados da pesquisa podem contribuir no acompanhamento do desenvolvimento no esporte, educação e saúde
Um estudo realizado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e publicado em agosto em uma revista internacional apontou que as crianças brasileiras tendem a entrar mais cedo na puberdade em comparação a jovens do Hemisfério Norte. As descobertas podem contribuir significativamente no acompanhamento do desenvolvimento infantil em áreas como o esporte, a educação e a pediatria.
O artigo, publicado no American Journal of Human Biology, utilizou dados de altura de 398 crianças — 197 meninas e 201 meninos — com idades entre 6 e 19 anos, recolhidas em diferentes pontos de tempo. As informações foram coletadas ao longo de 13 anos, entre 1997 e 2010, a fim de descrever as curvas de velocidade de crescimento durante a puberdade em jovens do Brasil.
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A análise das informações, coletadas de crianças do Colégio de Aplicação (CA) da UFSC, faz parte do doutorado em Educação Física de Luciano Galvão, sob orientação do professor Humberto Carvalho. O objetivo da pesquisa foi compreender e interpretar os impactos do crescimento infantil específico do Brasil na formação física de atletas juvenis no país.
Conforme o estudo, a idade média para o início da puberdade em meninas foi de 8,41, enquanto para os meninos foi de 11,19 anos. Já a idade média em que as crianças atingiram o pico da velocidade de crescimento, o popular “estirão”, foi aos 11,30 anos para as meninas e aos 13,55 anos para os meninos.
Os números indicam que a faixa etária em que as crianças brasileiras atingiram esse pico de crescimento foi ligeiramente mais precoce do que as relatadas em estudos longitudinais clássicos do século XX realizados nos Estados Unidos, Inglaterra e na Bélgica, onde o pico é comumente registrado entre 11,4 e 12,2 anos em meninas e entre 13,4 e 14,4 anos em meninos.
“Não existem dados e estudos longitudinais tão específicos e completos no Brasil. Sempre chamou a atenção essa ideia de conseguir conflitar os valores que encontramos com os valores que são bastante difundidos e trabalhados no hemisfério Norte, no caso, na Europa e na América do Norte. Nesse sentido, estamos fazendo esse trabalho, visando comparar e trazer dados brasileiros”, explica Luciano.
Impactos práticos
Na prática, o estudo pode aprimorar o acompanhamento do crescimento infantil no dia a dia, gerando informações mais específicas sobre o perfil da população local. “Os pediatras fazem a interpretação sobre o desenvolvimento das crianças baseado nas referências, que estão nas cadernetas. Portanto, aquilo que nós podemos neste momento tentar contribuir é que haja mais uma informação que permita a quem faz essa interpretação ter um dado mais representativo no ambiente clínico”, explica o professor Humberto.
O professor argumenta que, apesar de não serem representativos de toda a população brasileira devido a dimensão continental e heterogeneidade demográfica do país, os dados coletados na UFSC se mostram nacionalmente relevantes, se consideradas a escassez de estudos latinoamericanos comparáveis e as curvas de crescimento utilizadas como referência pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
No contexto esportivo, os pesquisadores apontam que as diferenças nos ritmos de crescimento entre as crianças podem levar a interpretações equivocadas pelos treinadores. O estudo reforça, por exemplo, que quanto mais precoce e intensa a taxa de crescimento nas crianças, mais curto esse período de crescimento tende a ser. Enquanto isso, aqueles que têm o crescimento mais tardio costumam passar por um período de crescimento mais longo, atingindo maiores estaturas. Ou seja, privilegiar atletas com crescimento precoce pode negligenciar o desenvolvimento físico tardio durante a juventude.
“A nossa ideia é que com esses dados a gente consiga ter uma curva de referência mais próxima da nossa realidade e entender também as questões dos marcos biológicos e das curvas de crescimento, o que pode ajudar os treinadores de atletas de diferentes esportes”, projeta Luciano, autor da pesquisa.
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