Luiza Marchiori realizou exames, os quais mostraram que ela tinha quantidade de testosterona suficiente para competir na categoria feminina
Eduardo Neves sagrou-se bicampeão da Trinda Times Pro, etapa do Circuito Nacional de Skate Profissional realizada na pista de skate da Trindade, em Florianópolis. O sul-mato-grossense teve as melhores notas da série final e venceu o torneio com 149.69 pontos. João Lucas Alves e Jorge dos Santos completaram o pódio. A competição na categoria masculina foi muito disputada e satisfez aqueles que estiveram presentes. No entanto, foi a categoria feminina que gerou um maior engajamento nas redes sociais.
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A categoria foi vencida por Luiza Marchiori, primeira atleta trans a participar de um torneio profissional de skate no Brasil e bicampeã nacional na categoria masculina há alguns anos, o que causou revolta em parte do público das redes sociais. Na postagem que anunciava a campeã, usuários fizeram comentários ofensivos e preconceituosos contra a skatista. “Um MACHO ficou em primeiro lugar. Isso é um escracho com as mulheres. SALVEM OS ESPORTES FEMININOS”, “Parabenizo a verdadeira ganhadora: Duda Ribeiro, parabéns!!!”, “Luiza em primeiro? Não dá pra acreditar que a galera tá passando pano pra isso”, foram algumas das manifestações.
Também utilizando as redes sociais, Luiza respondeu às ofensas. Em uma publicação, ela fez um texto pedindo para que essas pessoas, ao invés de comentar coisas negativas sobre algo ou alguém que não gosta, vá na conta de algum amigo e fale algo positivo.
“Vão lá comentar algo legal na foto de algum amigo, vão apoiar o trampo de alguém que tu curte, quanto tempo livre pra ficar destilando ódio na internet hein.. isso diz muito sobre cada um.. eu sinceramente não to nem aí se fulano pensa isso, fulana falou aquilo, eu n to aqui pra agradar ngm, n to aqui julgando ngm, e nem falando mal de ngm, to simplesmente fazendo meu corre, e td certo, e é sempre isso que vou mostrar aqui, meu trabalho sendo eu mesma, ves n vão me ver aqui destilando ódio ou qq/ outra coisa, o mundo é tão grande, nem Jesus agradou todo mundo, imagina uma trans skatista, e tá td certo, minha vida n vai mudar, e nem a tua”, disse. Além disso, ela bloqueou mais de mil contas por conta das ofensas.
Direito de participar
Em 2023, após iniciar a transição hormonal, Luiza teve o certificado de skatista profissional retirado. Ela também foi alertada de que, caso quisesse competir na categoria feminina, teria que iniciar a carreira toda novamente. No entanto, ela conseguiu uma vitória na justiça, a qual permitiu a participação na etapa. Para isso, ela realizou exames, os quais demonstraram que ela estaria apta a participar, conforme regra internacional.
Regimento da World Skate
A World Skate, entidade máxima da modalidade no mundo, adotou uma recomendação do Comitê Olímpico Internacional para a participação de atletas trans. Segundo o regimento, elaborado em 2015, a participação é permitida, desde que a pessoa tenha sido submetida a um tratamento de um ano e controle de testosterona até um máximo de 5 nmol/L.
Esse foi o primeiro torneio exclusivamente profissional que ela participou desde que fez a transição de gênero. Anteriormente, ela já havia participado de outros dois torneios, só que na categoria Open.
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