Investigação revela que suspeita mantinha vigilância constante da vítima, inclusive por buracos na parede
A Polícia Civil (PCSC) concluiu a investigação sobre o assassinato do fisiculturista Valter de Vargas Aita em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, no último dia 7 de setembro. A então companheira da vítima, de 43 anos, será indiciada por homicídio qualificado por motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima, após atingir Valter com 21 golpes de faca.
A investigação concluiu que o crime foi motivado por ciúmes e que a suspeita realizava manifestações explícitas de que poderia matar o companheiro, além de monitoramento clandestino e constante da vítima. O fisiculturista chegou a afirmar que “se algo acontecesse”, deixaria uma carta de antemão informando que a companheira seria a responsável.
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Exames de necropsia confirmaram que Valter foi surpreendido inicialmente com uma facada no pescoço, com profunda penetração, causada por uma faca grande de cozinha. “Tudo indica que a primeira facada na região jugular (já mortal) foi desferida de surpresa, enquanto a vítima ainda estava acordando, inviabilizando qualquer possibilidade de defesa inicial”, afirmou o delegado Rodrigo Moura.
Em seguida, a mulher realizou diversos outros golpes na região da nuca, cabeça, rosto, braços, pernas, tórax e abdômen, o que causou inclusive exposição das vísceras. Ao menos três dos 21 ferimentos de esfaqueamento podem ser considerados “potencialmente letais”, ou seja, cada um deles poderia ter causado a morte da vítima por si só, revelou o laudo da Polícia Científica.
O exame médico no cadáver também revelou lesões de arranhões e mordidas humanas, assim como vários cortes nas palmas e partes internas das mãos, o que evidencia que a vítima tentou segurar a faca pela lâmina enquanto era violentamente golpeada.
Em interrogatório, a autora alegou se recordar apenas de ter desferido três facadas no companheiro, nenhuma delas no rosto, e sustentou que fez em legítima defesa após o companheiro ter aparecido já com a faca na mão para lhe constranger a não ir embora da residência. Apesar da grande diferença de tamanho e condição física, ela disse que conseguiu tomar a faca do marido. Ela também confirmou que desde março suspeitava de infidelidade conjugal por parte do companheiro.
Suspeita continuou ataques mesmo com vítima no chão
Mesmo com ferimentos graves, Valter tentou fugir do apartamento do casal, deixando rastros de sangue pelos corredores e pela escada do prédio. Uma das testemunhas afirmou que, neste momento, a vítima estava com o rosto aparentemente intacto. No entanto, ao ser encontrado desacordado na entrada do condomínio, o fisiculturista apresentava diversos golpes perfurantes no rosto.
Com isso, a investigação concluiu que além de matar o homem, a autora teve o intuito de “expiar a raiva que estava sentindo do companheiro”. A testemunha mais próxima do fato ainda afirmou que nunca ouviu brigas entre o casal ou qualquer discussão no momento do crime. No entanto, escutou pedidos de socorro da vítima e a demonstração de surpresa e perplexidade diante do ataque da esposa: “meu Deus, por que você está fazendo isso?!”, alegou ter ouvido.
Desconfiança e vigilância constante
A motivação do crime foi confirmada pelos investigadores por meio de mensagens de texto trocados entre a suspeita e uma amiga, onde ela afirmava acreditar que o companheiro estava se relacionando sexualmente com outras pessoas. A PCSC descobriu inclusive um vídeo onde a mulher tentava “flagrar” o homem por meio de pequenos buracos na parede, enquanto ele estava sozinho e mexendo no celular no cômodo ao lado. “Tudo indica que esse monitoramento clandestino tenha perdurado por algum tempo antes do crime”, afirmou o delegado Rodrigo Moura.
A investigação também descobriu que a autora enviou fotos do fisiculturista dormindo em dias anteriores ao crime, com o intuito de fazê-lo saber sobre a vigilância constante. Ela também teria enviado mensagens de texto contendo ameaças, inclusive algumas finalizadas com emojis de facas. Interações da suspeita com uma inteligência artificial também evidenciam um estado de ânimo bastante alterado, descontrole e frustração em relação à suposta infidelidade do marido. Segundo a PCS, o homem teria relatado as ameaças de morte a familiares em uma das ocasiões.
Relembre o crime
Valter de Vargas Aita, de 41 anos, foi encontrado morto na escadaria do prédio em que morava na Rua Sete de Setembro, no Centro de Chapecó. Uma vizinha informou ter visto Valter pelo olho mágico da porta, coberto de sangue e nu no corredor. A vítima foi encontrada pelo Corpo de Bombeiros Militar (CBMSC) já sem vida próxima à entrada do prédio.
A suspeita também sofreu ferimentos e ficou internada no Hospital Regional do Oeste (HRO) após passar por cirurgia, onde teve a prisão em flagrante decretada e, posteriormente, convertida em preventiva. Ela também estava foragida da Justiça do Rio Grande do Sul, onde foi condenada a 15 anos de prisão por latrocínio – roubo seguido de morte.
Valter era natural de Santa Maria, no Rio Grande do Su. Ele havia se mudado para Chapecó em janeiro deste ano, trabalhava em academias na cidade e já havia conquistado prêmios em campeonatos de fisiculturismo. Nas redes sociais, o personal trainer compartilhava sua rotina atlética com cerca de 11 mil seguidores. Para a investigação, Valter e a companheira viviam de forma discreta na cidade, sendo que nem mesmo alguns vizinhos e amigos próximos sabiam que ambos moravam juntos no apartamento, diante do conhecimento do casal sobre o mandado de prisão expedido contra ela.
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