Público com hipersensibilidade pode sofrer desconforto durante os shows de fogos
A Prefeitura de Balneário Camboriú realiza nesta quarta-feira (31) a distribuição de abafadores de ruído destinados ao público com hipersensibilidade ao som e com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). A medida tem como objetivo garantir a saúde e a segurança desta público para aproveitar com mais tranquilidade o show de fogos de 15 minutos na virada de ano.
Interessados podem comparecer ao Centro de Controle Operacional (CCO) a partir das 15h para a retirada dos acessórios. São oferecidas gratuitamente 500 unidades de abafadores, destinados àqueles mais sensíveis ao som emitido pelos explosivos do show pirotécnico, mesmo com baixo estampido. Até o momento, foram distribuídos cerca de 100 abafadores de ruído.
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O CCO fica nas areias da Praia Central, na altura do calçadão da Avenida Central. Para retirar o equipamento, é necessário apresentar o documento de identificação e um dos seguintes comprovantes:
• Carteira do Passe Livre Intermunicipal ou Interestadual (devidamente identificada com autismo);
• Laudo médico; ou
• Carteira Municipal de Identificação da Pessoa com Deficiência (exclusivamente para pessoas com TEA).
Por que os abafadores são importantes?
Tradição na virada do ano, a queima de fogos de artifício traz prejuízos a parte da população mais sensível aos ruídos causados pelo estouro dos artefatos. Diante do barulho intenso, pessoas no Espectro Autista podem entrar no que é chamado de crise sensorial, em que o estímulo gera alterações de comportamento que vão desde ansiedade e vontade de fugir daquele meio, até agressividade contra si ou demais pessoas que estão ao redor.
A neurologista e diretora clínica do Hospital INC (Instituto de Neurologia de Curitiba), Vanessa Rizelio, explica que as pessoas que têm TEA não conseguem processar que aquele ruído alto, por um período prolongado, é um momento de celebração. “O cérebro deles entende como uma coisa negativa, algo que está gerando um desconforto e a reação vai ser sair daquela situação. Muitas vezes, isso se vai manifestar como ansiedade, irritabilidade, fora o prejuízo depois no sono que pode impactar até o dia seguinte”, destaca Vanessa.
Os idosos são outro grupo que sofre o impacto dos ruídos intensos, especialmente aqueles com demência, uma vez que têm dificuldade no processamento das informações. De acordo com Vanessa, o idoso com demência pode entrar em surto de delírios e alucinações diante da queima de fogos, prejudicando também o sono, a memória e o raciocínio.
O neuropediatra e professor da Escola de Medicina e Ciências da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Anderson Nitsche, alerta que os efeitos dos fogos nos autistas podem ir além da hora da virada. “As crianças e pessoas autistas têm uma sensibilidade maior ao som e isso causa uma perturbação momentânea, mas que pode até durar por mais tempo, gerando sofrimento de insônia durante alguns dias”, afirma o professor.
*Com informações de Agência Brasil
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