26 de junho de 2025
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Polícia encontra extintor que teria falhado durante tragédia com balão em SC

Fotos: CBMSC e Redes sociais/Reprodução
Investigação busca agora localizar o maçarico que pode ter iniciado incêndio no cesto da aeronave

A Polícia Civil de Santa Catarina (PCSC) informou nesta quinta-feira (26) que localizou o extintor de incêndio que estava a bordo do balão de ar quente envolvido na tragédia que deixou oito mortos em Praia Grande, no Litoral Sul. A investigação já concluiu os laudos cadavéricos e ouviu, até o momento, 20 pessoas.

Em depoimento, o piloto da empresa Sobrevoar, Elves de Bem Crescêncio, afirmou que tentou utilizar o extintor para apagar o fogo, mas o equipamento teria falhado. “Peguei o extintor de incêndio que tem no balão, tirei o lacre, a hora que apertei ele, não saiu nada de pó”, contou aos policiais. Após a falha, Elves conta que deixou o extintor dentro do cesto. O dispositivo será submetido a perícia.

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A polícia tenta agora localizar o maçarico que, segundo o piloto, teria iniciado o incêndio no cesto do balão. Foi próximo deste dispositivo que Elves afirma ter percebido as chamas. “Com algo em torno de dois, três minutos de voo, eu sinto um cheiro de queimado dentro do cesto. Quando eu olho para baixo, a capa do tanque de gás tinha um início de incêndio. (…) Do lado do incêndio, tinha um maçarico de mão”, relatou em depoimento.

O maçarico como causa do incêndio é a principal linha de investigação seguida pela PCSC. A presença dele na aeronave foi confirmada por mais de um dos ouvidos pelo delegado Rafael Chiara, que investiga o caso. Durante o incêndio, o piloto afirma que teria jogado o dispositivo fora, junto com o que havia de inflamável no cesto. “Joguei ele pro chão, deve estar lá na granja de arroz”, acrescentou na oitiva.

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Prosseguimento das investigações

Após a tragédia no último sábado (21), a Delegacia de Polícia de Santa Rosa do Sul já ouviu 20 pessoas, incluindo o piloto, todos os 13 sobreviventes, o gestor da empresa fabricante do balão e funcionários da Sobrevoar, agência responsável pelos voos. A conclusão dos trabalhos está prevista para o dia 21 de julho.

Além dos laudos cadavéricos, a polícia obteve o relatório psicológico elaborado por psicólogos policiais que acompanham tecnicamente os desdobramentos da investigação. A reconstituição do acidente com a presença da Polícia Científica está prevista para ser realizada nesta quinta-feira.

Além dos depoimentos, a polícia obteve vídeos de boa qualidade que registram o momento do acidente, encaminhados à Polícia Científica para análise detalhada. A Sobrevoar também realizou uma demonstração prática do funcionamento do equipamento aos policiais para explicar a dinâmica do balão e subsidiar as investigações.

Foto: Prefeitura de Praia Grande

Atividade de alto risco

A PCSC também expediu ofícios à empresa e à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), com o objetivo de obter informações técnicas e regulamentares. Em nota divulgada pela Anac, a agência reiterou que não há operações de balonismo certificadas no Brasil atualmente, justamente pela falta de uma regulamentação específica para a prática, que é entendida como uma atividade desportiva de alto risco.

A prática desportiva de balonismo, assim como de outros esportes radicais, é considerada de alto risco por sua natureza e características, ocorrendo por conta e risco dos aerodesportistas. Uma pessoa somente pode embarcar outra pessoa em balão livre tripulado se o usuário estiver ciente de que se trata de atividade desportiva de alto risco.

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A reportagem do TVBV Online teve acesso a um termo de responsabilidade utilizado por uma empresa que também realiza passeios de balão em Praia Grande, similar ao assinado pelos passageiros do balão envolvido na tragédia. No documento, a assinatura confirma que os usuários conhecem “os riscos inerentes ao esporte; que o voo de instrução é por conta e riscos próprios, assumindo total responsabilidade ao praticar o voo de balão de ar quente com relação a quaisquer lesões, perdas ou danos que possam ser sofridos durante a realização do passeio”.

Na mesma nota, a Anac afirmou que não existe uma habilitação técnica emitida para a prática e que cabe ao desportista a responsabilidade pela segurança da operação. “Informamos que o balão acidentado no dia 21 de junho em Praia Grande (SC) não era certificado. O piloto Elves de Bem Crescencio não possui licença de Piloto de Balão Livre (PBL)”, conclui a Agência.

           

             

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