26 de agosto de 2025
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Paulo Chagas

CPMI do INSS vira campo de batalha e ameaça respingar no Planalto

Presidida por Carlos Viana, a CPMI deve receber nesta terça o plano de trabalho do relator, Alfredo Gaspar / Foto: Saulo Cruz/Agência Senado

A instalação da CPMI do INSS já mostrou que o governo não terá vida fácil. Logo de saída, a comissão pautou uma série de convocações incômodas: ex-ministros como Carlos Lupi e Carlos Gabas, além de dez ex-presidentes do Instituto. Uma devassa que promete expor anos de falhas na gestão previdenciária, de diferentes governos. Resumidamente, um recado direto ao Planalto: a CPMI do INSS não será apenas técnica, mas um campo de batalha política capaz de atingir o coração do governo. Mas o maior foco político está em outro nome: Frei Chico, irmão do presidente Lula e vice do sindicato envolvido no escândalo dos descontos irregulares em benefícios. Já são pelo menos sete pedidos de convocação, todos articulados pela oposição. A base governista, aflita, tenta blindá-lo. Não apenas pelo parentesco com Lula, mas porque seu depoimento teria peso simbólico capaz de colocar o Planalto diretamente no centro da crise.

Oposição fortalecida

A CPMI, portanto, começa com um roteiro claro: desgastar o governo. E a oposição largou na frente ao garantir a presidência com Carlos Viana (Podemos-MG) e a relatoria com Alfredo Gaspar (União-AL). O Planalto perdeu a queda de braço na formação da comissão e agora tenta conter danos. O desafio é que o caso ultrapassa as fronteiras de gestão e alcança o campo político. O escândalo envolve bilhões em descontos não autorizados e uma rede de sindicatos, convênios e contratos nebulosos. A cada novo nome convocado, cresce o risco de que a narrativa se consolide: a de que o INSS foi loteado e mal administrado por anos.

Governo emparedado

O governo, que apostava numa comissão técnica e controlada, vê-se diante de uma arena política. E com a convocação de Frei Chico no horizonte, o desconforto sobe à temperatura máxima. Afinal, se ele for ouvido, a CPMI deixará de ser apenas sobre o INSS e passará a ter um protagonista involuntário: o próprio presidente da República.