Ibama apreende mais de 170 animais em situação de maus-tratos de criadouro irregular
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) apreendeu 174 animais, entre macacos e aves, em grave situação de maus-tratos em um criadouro comercial em Xanxerê, no Oeste de Santa Catarina. A ação foi divulgada nesta sexta-feira (26), após o órgão constatar que o suspeito mantinha a comercialização mesmo proibido pela Justiça.
De acordo com o Ibama, o criadouro vendia sem autorização filhotes de macacos por meio de anúncios que exibiam os animais usando mamadeira e fraldas, com preços que variavam de R$ 4 mil a R$ 120 mil. Entre os compradores estão influenciadores digitais, que ostentam os macacos em redes sociais.
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Entre as espécies comercializadas estão macacos-prego, saguis e aves ameaçadas de extinção, como o papagaio-de-peito-roxo. Durante a vistoria, as equipes encontraram gaiolas com macacos em área aberta, sem aquecimento, água ou alimento. Filhotes estavam separados das mães em dias de baixas temperaturas, enquanto outros animais adultos eram mantidos em recintos pequenos e sem estrutura adequada.
Ainda segundo o Ibama, o criadouro inicialmente possuía autorização para a comercialização dessas espécies, no entanto, foi embargado pelo órgão em 2011. Mesmo assim, o local continuou funcionando até 2024 com decisões favoráveis da Justiça.
No ano passado, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) restabeleceu a validade do embargo, determinando a interrupção definitiva das atividades. Apesar da decisão, o criadouro continuava anunciando a venda de animais nas redes sociais. A decisão do STJ, no entanto, não impediu o dono do local de realizar a reprodução de 10 macacos-prego, destinados à comercialização irregular.
O responsável, já autuado anteriormente pelo Ibama por maus-tratos, não foi preso, mas foi novamente multado. Os animais apreendidos serão encaminhados para os cuidados imediatos em Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama e para programas de reabilitação de espécies ameaçadas, como é o caso da espécie papagaio-de-peito-roxo.
A ação desta sexta-feira contou com apoio da Polícia Militar Ambiental de Santa Catarina (PMA) e do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA). A criação e a venda de primatas no Brasil são restritas e altamente controladas. A posse ilegal de espécies da fauna nativa é crime e sujeita os responsáveis a multas e sanções penais.
O Ibama reforça que esse tipo de comércio, ainda que amparado por liminares judiciais em determinados períodos, estimula o tráfico de animais silvestres, uma vez que a exposição de primatas como animais de estimação em redes sociais desperta em outras pessoas o desejo de tê-los como se fossem cães ou gatos, espécies domésticas.
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