Governadores articulam o “Consórcio da Paz” e cobram protagonismo dos Estados diante da ausência do Governo Federal no combate ao crime organizado / Foto: Divulgação/Secom GOVSC
A reunião dos governadores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, realizada no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (30), representou um marco político e institucional na tentativa de formar uma frente unificada contra o avanço do crime organizado no país. O encontro, motivado pela escalada da violência e pela crescente influência das facções criminosas, serviu como palco para um debate sobre a necessidade de cooperação interestadual, protagonismo regional e, sobretudo, uma crítica velada, porém contundente, à ausência de coordenação efetiva por parte do Governo Federal.
Jorginho Mello
O governador Jorginho Mello, de Santa Catarina, assumiu um papel de destaque na articulação dessa nova agenda de segurança pública. Ao defender que os Estados tenham autonomia operacional e apoio financeiro da União, ele propôs um caminho de pragmatismo federativo: reconhecer as diferenças regionais, mas atuar de forma integrada. Sua proposta de criação do “Consórcio da Paz”, aprovada pelos demais governadores, é um gesto concreto nesse sentido, um esforço coletivo para unificar estratégias de inteligência, operações conjuntas e políticas de enfrentamento financeiro às facções.
Mais proteção
A fala de Jorginho Mello também reforça uma visão de segurança pública baseada na proteção do cidadão comum e na necessidade de ação coordenada, não apenas de retórica política. Ao oferecer o apoio da polícia catarinense ao Rio de Janeiro, o governador busca simbolizar solidariedade federativa e reafirmar o papel de Santa Catarina como referência nacional em controle e prevenção da criminalidade. O Estado, de fato, mantém baixos índices de violência, fruto de políticas consistentes de monitoramento, inteligência e investimento em tecnologia, como o recém-criado Cyber Laboratório da Polícia Civil e a aquisição de armamentos modernos.
Tolerância zero em SC
Paralelamente, o governo catarinense tem adotado uma postura de tolerância zero com o crime organizado, atuando no bloqueio de bens, transferência de presos de alta periculosidade e vigilância constante sobre facções. Essa estrutura reforça a credibilidade da fala de Mello no encontro: Santa Catarina demonstra que é possível controlar o crime sem perder o controle institucional do território, algo que o governador fez questão de contrastar com a realidade do Rio de Janeiro, onde o poder das facções ainda domina áreas inteiras.
Governo Federal
Outro ponto sensível levantado na reunião foi a ausência do Governo Federal. Embora a Constituição atribua à União responsabilidades claras sobre o controle de fronteiras e o tráfico de armas e drogas, os governadores cobraram mais ação e menos centralização. A crítica de Jorginho Mello foi direta: o governo federal tenta “igualar respostas em um país desigual”, ignorando as particularidades locais. Essa ausência de coordenação tem gerado um vácuo de poder que as facções criminosas rapidamente ocupam.
Organizações terroristas
Por fim, a classificação do PCC e do Comando Vermelho como organizações terroristas pelo Paraguai, destacada por Mello, sinaliza um novo capítulo na luta contra o crime transnacional, e reforça a importância de políticas de segurança integradas não só entre estados brasileiros, mas também entre países vizinhos.
Gesto de autonomia
Em síntese, o encontro no Rio de Janeiro foi mais do que uma reunião administrativa: foi um gesto político de autonomia federativa, solidariedade regional e pressão institucional por mais eficiência no combate ao crime organizado. A liderança de Jorginho Mello simboliza a busca por um modelo de segurança pública em que os Estados deixem de ser espectadores e passem a agir como coprotagonistas na defesa da ordem, da lei e da família brasileira. Se o “Consórcio da Paz” se consolidar como instrumento real de cooperação, essa aliança pode se tornar o embrião de uma nova política de segurança no país, uma que nasce dos estados, mas clama por uma União mais presente, técnica e coordenada.





 
																		 
																		 
																		 
																		 
																		