Sopra o Sul e junto com o mar antigo, traz no dorso o ar frio que permeia os segredos da Ilha da Magia. Dizem os pescadores, homens de sal e fé, que o Sul dificulta a pesca, revolta e esquenta o oceano, mas de forma pura, como se fosse feitiço, acalma após o terceiro dia clareando a água do mar. Em Florianópolis carrega histórias, crenças e temores que atravessam gerações, moldando o imaginário popular. Ele é forte, anuncia ressacas empurrando as ondas que castigam os costões e que são capazes de destruir trapiches e arrastar embarcações.
Quando uiva como fera as bruxas soltam-se nos céus e, montadas em varas de pesca e cavalos de pau, dançam no imaginário varrendo os telhados. O assobio repentino do vento Sul era interpretado como o rastro dessas travessias sobrenaturais. Acima de tudo lembra aos ilhéus que a natureza é viva, misteriosa e indomável.
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Há quem o chame vento da morte, que traz notícia amarga, ou promove a mudança. Como se o frio súbito e cortante fosse um presságio de más notícias ou uma metáfora para um adeus ou a chegada de tempos difíceis. Existe também quem acredita que ele abre portais encantados e permite o encontro com seres místicos.
O vento “Suli” pode ser interpretado, talvez, pela ciência que explica o clima, as frentes frias e os ciclones. Mas, prefiro pela cultura que mostra o vento Sul como um personagem vivo da identidade florianopolitana. Um sopro que traz frio e ressaca, que alimenta memórias, lendas e a poesia do mistério que faz deste pedaço de terra perdido no mar a Ilha da Magia.
Os contos e encantos das bruxas de Franklin Cascaes
Durante o dia, elas eram quase invisíveis, caminhavam entre as pessoas da antiga Nossa Senhora do Desterro, circulavam pelo Mercado Público, passavam sob a sombra da Catedral, com os olhos baixos e com os…
