Nove pessoas perderam a vida em tragédia que marcou a Capital do Estado
Por: Flávio Vieira Jr / Portal TVBV
A noite do dia 05 de abril de 1994 parecia ser como qualquer outra, mas tudo mudou por volta as 23h30, quando funcionários e pacientes internados no Imperial Hospital de Caridade perceberam o início das chamas que se alastraram pelas alas São Camilo e Senhor dos Passos, onde havia 40 pacientes que estavam em tratamento de câncer. Ambas as alas ficavam nos andares de madeira da chamada “parte velha” do Hospital. No momento do incêndio 184 pessoas estavam internadas no local.
Rapidamente o Hospital começou a ser evacuado e o Corpo de Bombeiros chegou ao local. Com aquela visão aterrorizante, do mais antigo hospital de Santa Catarina ardendo em chamas, moradores do entorno uniram forças aos bombeiros para resgatar as vítimas e dar apoio ao combate ao fogo. Na época o Corpo de Bombeiros tinha apenas cinco viaturas de combate a incêndio para atender os 10 municípios da Grande Florianópolis.
O Coronel da reserva do CBMSC, Alexandre Corrêa Dutra, na época do incêndio atuava no 7ºBatalhão de Polícia Militar e lembra que da sede do batalhão pode avistar as chamas. “Quando os comunicados começaram a chegar no rádio foi solicitado o envio de mangueiras e extintores. Movimentamos todo nosso pessoal para recolher esses equipamentos e levar para o local”, comentou Corrêa. Ele recorda que quando chegou no Hospital de Caridade entrou na estrutura em chamas para ajudar na retirada dos pacientes. “Eu lembro de ter saído com um idoso nas costas e acompanhando uma pessoa caminhando era o que se dava para fazer. Eu ajudei na retirada das pessoas, tinha muita fumaça e mesmo estando na PM entramos no local sem equipamento de proteção e com roupas molhadas para nos proteger das chamas”, completou.
As chamas continuaram se alastrando e a escassez de recursos, como a falta de pressão nas mangueiras, equipamentos e até mesmo de água foram obstáculos enfrentados pelos bombeiros durante os trabalhos. Enquanto isso, moradores do morro do Mocotó ajudavam os bombeiros derrubando portas e resgatando pacientes que eram levados no colo até o gramado, para a ladeira de acesso ou para casas na vizinhança. Também foram acionados bombeiros de Blumenau, Brusque, Itajaí e Tubarão. O combate às chamas e rescaldo dos destroços duraram mais de 48 horas. No total 8.400m² foram destruídos.
Causas do Incêndio
Na época a avaliação de bombeiros e diretores do Hospital, que estiveram no local, é que as chamas foram provocadas por um curto-circuito na instalação elétrica. Mas, as verdadeiras causas são desconhecidas até hoje.
Deficiências enfrentadas
O incêndio no Hospital de Caridade expôs as deficiências enfrentadas pelas equipes e a necessidade de mais recursos para o Corpo de Bombeiros, que na época era subordinado a Polícia Militar. O caso resultou na destituição do comandante dos Bombeiros.
Evolução dos Bombeiros
Após 30 anos, a área de combate a incêndios evoluiu significativamente em relação a tecnologia, treinamento, estratégias de intervenção, equipamentos e de efetivo. O Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC), hoje independente, adotou equipamentos mais avançados e protocolos de treinamento aprimorados para garantir uma resposta mais rápida e eficaz em situações de emergência.
Da mesma forma, ocorreu o aumento da conscientização sobre segurança contra incêndio e na prevenção com sistemas de detecção de incêndio, sprinklers automáticos e padrões de construção mais seguros. Na época do incêndio no Hospital de Caridade, todas essas medidas eram menos abrangentes e rigorosas.
Confira o documentário do jornalista Felipe Filipini, realizado em 2014, cedido para o Portal TVBV
Imagens: CBMSC
Fontes: CBMSC
Publicações da época
Folha de São Paulo, 7 de abril de 1994.
Documentário Memórias Marcadas, jornalista Felipe Filipini – 2014